Após dois dias consecutivos de queda, o dólar encerrou a sessão de quarta-feira, 8, com leve alta de 0,08%, cotado a R$ 6,1090. O movimento de valorização ocorreu após uma mínima de R$ 6,1029 e seguiu a tendência da moeda americana no mercado externo. Nos primeiros momentos de negociação, o dólar chegou a superar os R$ 6,15, impulsionado pela aversão ao risco associada a possíveis medidas protecionistas dos EUA, como a imposição de tarifas universais pelo presidente eleito Donald Trump. No entanto, dados econômicos dos EUA, como a geração de vagas aquém do esperado no setor privado, e sinais de que o Federal Reserve poderia continuar com o corte de juros, ajudaram a suavizar a pressão sobre a moeda.
Por outro lado, o mercado brasileiro foi impactado por notícias sobre o possível ajuste fiscal do governo Lula, que geraram um certo alívio nos prêmios de risco, mas também indicaram a presença de incertezas tanto internas quanto externas. No cenário internacional, as ameaças de novas tarifas por parte do governo dos EUA, somadas às preocupações com a política econômica de Donald Trump, elevaram a volatilidade nos mercados. Já o cenário doméstico tem sido moldado pelos acenos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em relação a um maior controle sobre os gastos públicos e um possível pacote fiscal mais restritivo, o que deixou os investidores atentos ao futuro da economia brasileira.
Com um quadro fiscal desafiador e a Selic em 15% no primeiro semestre, as expectativas para o real incluem volatilidade, mas também a possibilidade de um “carry trade” positivo, caso a economia interna se estabilize. O superintendente da mesa de derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, apontou que, apesar da recente valorização do real, a tendência de alta para a moeda brasileira ainda está envolta em incertezas. A falta de uma lei orçamentária aprovada no Brasil pode ser um fator que dificulte a execução de políticas fiscais mais rígidas neste início de ano, enquanto o mercado continua a monitorar as políticas monetárias dos EUA e os impactos econômicos dessas medidas.