O dólar encerrou a sessão do dia 28 de janeiro em queda, cotado abaixo de R$ 5,90, o que não ocorria desde o final de novembro. Apesar do movimento de alta da moeda americana no mercado externo, com a ameaça de tarifas por parte dos Estados Unidos, a apreciação do real foi impulsionada pelo fluxo de recursos para ativos brasileiros, com ajustes técnicos e o rebalanceamento de portfólios. A expectativa de uma nova alta na taxa Selic em 1 ponto percentual no Copom desta semana também favoreceu a moeda nacional, ao tornar o carry trade mais atrativo.
Além disso, a tendência de alta dos juros no Brasil e a estabilidade nos Estados Unidos têm ampliado o diferencial de taxas entre os dois países, o que beneficia o real. A arrecadação recorde de 2024, divulgada em dezembro, também contribui para a percepção de menor risco fiscal, o que impacta positivamente o mercado cambial. O dólar, que já acumula uma queda de 5,03% em janeiro, tem sido pressionado pelas expectativas de juros mais altos no Brasil, com investidores focados nas sinalizações do Copom e na reação do mercado.
No cenário internacional, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas, subiu em relação ao euro e ao iene. Apesar de um possível aumento nas tarifas comerciais, especialmente nos setores de semicondutores e metais, o impacto do presidente dos EUA, que ainda não implementou essas tarifas, foi limitado. O economista Márcio Estrela sugere que o espaço para a queda do dólar em relação ao real foi aberto após o “overshooting” da moeda em dezembro e pela menor pressão sobre o Brasil, que não é um alvo prioritário para as políticas de Trump.