Um cineasta foi condenado a três anos e meio de prisão na China por produzir um documentário que abordava os protestos contra os lockdowns da pandemia de Covid-19 ocorridos em 2022. O julgamento, realizado a portas fechadas em Xangai, resultou na acusação de “provocar problemas”, uma alegação frequentemente usada para silenciar dissidentes no país. As manifestações em questão representaram o maior desafio popular ao governo chinês em décadas, sendo impulsionadas por um incêndio fatal que expôs a insatisfação generalizada com as rígidas políticas de controle sanitário.
O documentário, publicado em plataformas bloqueadas na China, buscava dar voz às demandas populares e refutar alegações governamentais de influência estrangeira nos protestos. A obra ganhou destaque por registrar um momento histórico em que manifestantes criticaram a censura, demandaram mais liberdades políticas e, em alguns casos, chegaram a pedir a renúncia do líder do país. Apesar da repressão subsequente, o movimento contribuiu para a súbita flexibilização das restrições de Covid, embora o governo nunca tenha reconhecido oficialmente o impacto das manifestações.
Grupos de direitos humanos e organizações internacionais têm pedido a libertação do cineasta, destacando que ele agiu em prol do interesse público ao documentar os eventos. O caso também chama a atenção para o sistema judiciário chinês, amplamente criticado por falta de transparência e alto índice de condenações. A repercussão internacional reforça o debate sobre a liberdade de expressão e os desafios enfrentados por aqueles que se posicionam contra abusos de regimes autoritários.