A economia brasileira enfrenta um cenário de contradições, com atividade forte e desemprego em níveis historicamente baixos, mas com um câmbio elevado e uma curva de juros similar à de períodos críticos como 2016. Segundo o economista Marcos Lisboa, esse cenário reflete um ciclo de otimismo exagerado durante o início do terceiro mandato do presidente Lula, seguido por uma frustração que resultou em pessimismo. Investidores locais e estrangeiros, atraídos pela expectativa de responsabilidade fiscal e estabilidade econômica, sofreram perdas devido à abertura da curva de juros e à alta do câmbio, o que provocou uma saída significativa de capital do país.
No curto prazo, Lisboa destaca a urgência de limitar o crescimento dos gastos públicos como uma medida para conter o descontrole fiscal. Ele argumenta que o sistema legal brasileiro dificulta cortes significativos nos gastos, tornando essencial restringir o aumento das despesas para reduzir juros sem pressionar a inflação. Além disso, critica práticas oportunistas, como a alocação de verbas da União para estados que enfrentam problemas fiscais recorrentes, defendendo maior responsabilidade por parte desses entes federativos.
Para o longo prazo, o economista aponta a necessidade de maior segurança jurídica e estabilidade nas regras econômicas e regulatórias. Ele considera que mudanças abruptas nas normas geram insegurança e prejudicam o crescimento do país, especialmente em áreas como infraestrutura, logística e energia. Lisboa também ressalta que a falta de clareza e a instabilidade no cumprimento de regras têm minado a confiança do mercado financeiro, dificultando a atração de investimentos necessários para o desenvolvimento sustentável do Brasil.