Desde 2018, 23 universidades públicas no Brasil adotaram políticas de afirmação para estudantes trans, visando promover a inclusão no ensino superior. Contudo, a exclusão enfrentada por essas pessoas desde a educação básica, com episódios de transfobia e desrespeito ao nome social, tem dificultado o acesso dessas pessoas ao ensino superior. Apesar das cotas criadas para fomentar a entrada de estudantes trans, muitas vagas permanecem ociosas, pois as dificuldades iniciais da educação básica ainda geram barreiras significativas.
A trajetória de Joyce Alves, uma mulher trans que ocupa o cargo de pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), exemplifica os desafios vividos por pessoas trans no Brasil. Apesar de ser a primeira mulher trans a ocupar esse cargo em uma universidade pública brasileira, Joyce relata sentir-se isolada e aponta que o processo de exclusão começa muito antes da universidade, com a violência sofrida na escola e a dificuldade de acesso ao ensino básico. O movimento por cotas nas universidades públicas busca mudar essa realidade, mas ainda enfrenta grandes obstáculos.
As dificuldades de acesso à educação e de permanência de estudantes trans nas universidades também são reforçadas por dados que indicam um alto índice de violência e discriminação. Estudo realizado com o apoio do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos revela que muitos estudantes trans abandonam os estudos devido a episódios de transfobia e a falta de apoio institucional. A mudança das políticas educacionais e a implementação de ações afirmativas são necessárias para garantir que esses estudantes não apenas ingressem, mas também permaneçam e se formem no ensino superior, contribuindo para a inclusão social e profissional dessa população.