O Ártico, que abrange uma área de 14 milhões de quilômetros quadrados em oito países, está aquecendo a uma velocidade alarmante, cerca de quatro vezes mais rápida que o restante do planeta. Esse aquecimento tem gerado preocupações sobre os impactos no ecossistema e na saúde humana, especialmente devido ao derretimento do gelo. Uma das consequências do degelo é a liberação de micróbios, incluindo bactérias e vírus antigos, que estavam preservados no pergelissolo, camada de solo congelado do Ártico.
Estudos indicam que a quantidade de micróbios liberados pode alcançar números impressionantes, como quatro sextilhões (quatro seguidos por 21 zeros) de micróbios anualmente. Essas bactérias podem ser provenientes de animais mortos há muitos anos e representar um risco à saúde humana, como evidenciado por um surto de antraz ocorrido em 2016, na Península de Yamal, na Sibéria, relacionado ao derretimento do pergelissolo. Além disso, os cientistas alertam que o aumento da atividade humana na região, como o transporte marítimo e a mineração, tem acelerado o derretimento.
Outro efeito crítico do degelo é a liberação de grandes quantidades de carbono na atmosfera. Estima-se que até 1,5 mil gigatoneladas de carbono possam ser liberadas, um valor duas vezes maior do que o total de carbono atualmente presente no ar. Este fenômeno contribui diretamente para o agravamento das mudanças climáticas, sendo um dos maiores desafios enfrentados pela comunidade internacional, como destacado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).