O aquecimento global está transformando o Ártico, especialmente a Groenlândia, em um ponto estratégico de interesse internacional. O derretimento acelerado das geleiras na região, que ocorre três vezes mais rápido do que no restante do planeta, tem aberto novas possibilidades de navegação, criando uma rota marítima vital para o comércio global. Antes intransitável devido ao risco de icebergs, o mar do Ártico agora oferece períodos de navegação mais longos, com os navios podendo cruzar a região por até quatro meses, comparado a apenas 20 dias por ano há algumas décadas. Especialistas indicam que essa mudança terá grande impacto nos próximos anos, transformando o Ártico em uma importante rota comercial.
A nova rota, conhecida como a “nova rota da seda”, é vista como uma alternativa estratégica para países como China e Rússia. A China se beneficiaria com a redução de custos e a diminuição do risco de transitar por mares controlados por potências adversárias. Por sua vez, a Rússia já explora petróleo na região e se beneficiaria da maior facilidade no transporte de seus recursos. Esses fatores tornam o Ártico uma área de crescente interesse geopolítico, atraindo disputas por soberania e controle de seus recursos naturais.
Em meio a esse cenário, a Groenlândia, território dinamarquês, se tornou um foco de atenção para líderes globais, como o ex-presidente dos Estados Unidos, que, em 2019, propôs a compra da ilha, destacando o valor estratégico da região para a segurança nacional. A proposta voltou a ser mencionada recentemente, refletindo o crescente reconhecimento da importância geopolítica do Ártico. A disputa sobre o controle da Groenlândia é apenas uma das manifestações dessa nova configuração geopolítica, à medida que o aquecimento global altera as dinâmicas do poder no continente.