O tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens no governo Jair Bolsonaro, assinou um acordo de colaboração premiada em setembro de 2023, fornecendo informações cruciais sobre investigações sensíveis, incluindo um suposto plano golpista após as eleições de 2022. Sua delação ajudou a Polícia Federal a reunir evidências relacionadas a encontros secretos e projetos de intervenção política que buscavam anular os resultados eleitorais. Cid revelou que membros próximos ao ex-presidente discutiram alternativas radicais, incluindo a criação de um decreto para novas eleições e a prisão de opositores.
Além de detalhar os encontros com membros das Forças Armadas, Cid forneceu depoimentos que ligaram aliados do ex-presidente a ações que envolviam medidas excepcionais contra o sistema democrático. A delação também trouxe à tona divergências entre diferentes grupos dentro do círculo de Bolsonaro, com alguns defendendo fraudes nas urnas, enquanto outros apoiavam uma abordagem mais violenta. As declarações geraram polêmicas, com as defesas dos envolvidos questionando o vazamento seletivo das informações e alegando que o direito à ampla defesa estava sendo comprometido.
A colaboração de Mauro Cid também envolveu acusações contra outros membros da cúpula militar e aliados de Bolsonaro, incluindo o general Walter Braga Netto, que foi preso em 2024. A investigação continua a se desdobrar, com novos depoimentos sendo colhidos, mas as reações à colaboração têm gerado uma série de contestações jurídicas, principalmente sobre o sigilo das investigações e a imparcialidade do processo. As defesas dos envolvidos afirmam que os vazamentos comprometeram a equidade das investigações, tornando difícil para os acusados exercerem seus direitos de defesa.