A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro expressou indignação após a divulgação de trechos do depoimento de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A nota divulgada pelos advogados do ex-presidente acusa a existência de vazamentos seletivos, considerando que os conteúdos da delação são repetidamente divulgados pela mídia, enquanto as defesas dos investigados enfrentam restrições quanto ao acesso às provas. A defesa também qualificou as investigações como semissecretas, alegando que as informações são compartilhadas de maneira desigual, prejudicando o direito à ampla defesa dos acusados.
O depoimento de Mauro Cid, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2023, revelou a existência de três grupos diferentes ao redor do ex-presidente Bolsonaro após as eleições de 2022. O primeiro grupo seria composto por conservadores com uma linha política voltada para transformar Bolsonaro em um líder da oposição. O segundo grupo, mais moderado, não apoiava uma intervenção radical, enquanto o terceiro grupo, considerado radical, estava dividido entre aqueles que investigavam supostas fraudes nas urnas e os que defendiam ações mais extremas, incluindo a utilização de força militar.
A colaboração de Cid envolve 37 indiciados pela Polícia Federal, acusados de tentativa de golpe após as eleições de 2022. O depoimento do ex-ajudante de ordens é uma peça central nas investigações, mas a forma como as informações têm sido divulgadas gerou críticas por parte das defesas, que consideram que o sigilo é desrespeitado, comprometendo a integridade do processo e prejudicando o direito de defesa dos envolvidos.