A crise política no Equador ganhou novos desdobramentos após a rejeição das Forças Armadas e da Polícia Nacional à posse da vice-presidente, que declarou sua intenção de assumir temporariamente a presidência. A Constituição exige que o presidente se licencie para disputar a reeleição, mas especialistas divergem sobre a aplicabilidade dessa regra no caso atual, uma vez que o mandato de Daniel Noboa é interino. Enquanto isso, forças de segurança cercaram os prédios governamentais para evitar o acesso da vice-presidente, em um cenário de crescente tensão institucional.
A disputa entre o presidente e sua vice vem de uma longa trajetória de desentendimentos. Desde o início de seu mandato, Noboa delegou à vice-presidente funções que foram vistas como marginalizadas, culminando em sua suspensão sob a justificativa de indisciplina. Apesar disso, a vice-presidente mantém sua reivindicação de assumir a liderança, enquanto Noboa acusa sua antiga aliada de planejar golpes de Estado. O impasse reflete um conflito de interpretações legais e políticas que agrava a instabilidade no país.
A crise ocorre em meio ao início da campanha eleitoral, marcada para culminar em fevereiro. Noboa lidera as pesquisas de intenção de voto, mas sua candidatura está cercada por incertezas sobre o impacto de sua licença ou ausência temporária. A rivalidade política interna entre o presidente e sua vice não apenas domina o cenário atual, mas também levanta questões mais amplas sobre governabilidade e respeito às normas constitucionais no Equador.