A colheita de laranja no Brasil enfrenta uma grave crise, com perdas significativas devido ao calor extremo e à falta de chuvas. A safra deste ano, a pior em 200 anos, deve produzir apenas 9,1 milhões de toneladas, uma redução de 27% em relação ao ano anterior. O Brasil, líder mundial na produção e exportação de suco de laranja, sente o impacto dessa queda, com os preços do suco concentrado disparando devido à baixa oferta. As consequências são globais, pois o país responde por cerca de 70% do suco consumido mundialmente, e a demanda ainda supera a oferta.
O problema está enraizado no cinturão citrícola, onde as plantações enfrentam desafios climáticos severos, como altas temperaturas e chuvas irregulares. Além disso, doenças como o greening e o cancro cítrico afetam ainda mais a produção, com grandes áreas de laranjais comprometidas. O greening, uma bactéria transmitida por insetos, já está presente em cerca de 44% das árvores, prejudicando a qualidade da fruta e o rendimento das plantações. Essas pragas não têm cura, e o impacto sobre as colheitas é profundo.
O futuro da citricultura no Brasil está sendo moldado por essas dificuldades, com expectativas baixas para as próximas safras. Embora haja esforços para expandir a produção para outras regiões do país, como Mato Grosso do Sul e Bahia, o setor continua a enfrentar barreiras, como a falta de mão de obra qualificada e as condições climáticas desfavoráveis. A criação de centros de pesquisa para combater doenças e promover soluções sustentáveis é uma tentativa de mitigar a crise, mas a dependência das condições climáticas continua a ser um fator determinante para a recuperação da indústria.