As empresas brasileiras, principalmente aquelas com grande exposição ao câmbio e à dívida atrelada às taxas de juros, têm enfrentado sérias dificuldades devido à desvalorização do real e ao aumento das taxas de juros. O real perdeu 24% de seu valor em relação ao dólar, e as taxas de juros de longo prazo subiram mais de 4 pontos percentuais. Embora as previsões do PIB brasileiro ainda não tenham sido ajustadas, o impacto nas ações de empresas que enfrentam essas condições está se tornando evidente, especialmente em setores como energia, infraestrutura, companhias aéreas e locadoras de veículos.
Esses setores enfrentam custos crescentes, já que o aumento das taxas de juros e a desvalorização do real elevam os custos operacionais. Empresas de energia, como Energisa e Equatorial, têm alguma flexibilidade para ajustar tarifas, mas suas margens são limitadas. Já as companhias aéreas, como a Azul, e as locadoras de veículos, como a Localiza, terão dificuldades para ajustar os preços de forma rápida, afetando seu crescimento e resultados financeiros. Empresas do setor de energia e serviços essenciais, como a Rumo, têm se mostrado menos impactadas pelas variações econômicas, devido à natureza menos sensível da demanda por esses serviços.
O Goldman Sachs ajustou suas projeções para diversas empresas brasileiras, levando em conta o cenário de juros altos e valorização do dólar. No setor de energia, empresas como Petrobras e PRIO tiveram suas estimativas de lucro revisadas para baixo, enquanto no setor de transporte, companhias como Localiza e CCR enfrentam ajustes em suas projeções de receita e lucro. Esses ajustes indicam uma reação do mercado à maior exposição dessas empresas aos riscos cambiais e à inflação, com uma diferenciação crescente entre aquelas mais vulneráveis e as mais resilientes a esse contexto econômico adverso.