O controle da alavancagem das empresas em relação à geração de caixa e ao EBITDA tem se tornado um ponto de atenção crescente no crédito privado. Segundo Fayga Delbem, responsável pela área de crédito da Itaú Asset, a observação desse fator é crucial para evitar problemas financeiros nas empresas. Caso uma companhia ultrapasse o limite de alavancagem, ela precisa renegociar suas dívidas com os credores, o que pode gerar uma pressão de liquidez. Isso é especialmente preocupante para empresas de setores com margens menores e maior variação na geração de caixa, como o varejo.
O setor de construção civil também merece destaque, devido à sua correlação com a taxa de juros, que segue em forte elevação. Empresas desse setor estão particularmente vulneráveis, uma vez que a demanda por imóveis tende a diminuir com o aumento das taxas, impactando diretamente suas receitas e a capacidade de pagamento de dívidas. Para Fayga, a análise deve ser feita de forma mais microeconômica, levando em conta as características individuais de cada empresa, e não apenas de maneira setorial.
Por outro lado, os setores regulados têm uma posição mais confortável no cenário macroeconômico, pois suas receitas são ajustadas pela inflação e possuem uma previsibilidade maior. Mesmo assim, é necessário monitorar o nível de investimentos e o capex dessas empresas, já que elas são, em grande parte, concessões públicas que devem cumprir cronogramas de investimento obrigatórios. A gestora destaca a importância de acompanhar de perto o fluxo de recursos e o planejamento financeiro dessas empresas para garantir a estabilidade no ambiente de crédito.