O Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas e Álcool (Comuda) criticou a construção de um muro de 40 metros na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, afirmando que ele representa uma violação de direitos humanos e uma falha na política de dispersão de usuários de drogas. A construção, realizada pela gestão do prefeito Ricardo Nunes, foi considerada uma medida segregacionista que agrava as condições de vulnerabilidade dos indivíduos na área. Durante visita ao local, o Comuda observou a falta de infraestrutura básica, como banheiros e espaços de convivência, e a presença excessiva de forças de segurança, dificultando o atendimento social e médico.
A prefeitura, por sua vez, defende que o muro foi criado para substituir tapumes danificados e melhorar a segurança e o tráfego na região, argumentando que ele não visa isolar os usuários, mas sim organizar o espaço de forma mais segura. A gestão também reporta que houve uma redução no número de pessoas na área desde a instalação do muro, embora ativistas afirmem que a situação apenas deslocou o problema para outras partes da cidade, sem resolver a questão central do uso de drogas. A discussão sobre a demolição do muro chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde se discute a constitucionalidade da medida.
O Comuda, além de críticas ao muro, propôs uma série de recomendações para melhorar o atendimento e a convivência na região, incluindo a instalação de banheiros, a criação de espaços de sombra e a implementação de um Centro de Convivência. A carta destaca a necessidade de políticas públicas que promovam uma abordagem mais humanitária e que integrem as áreas de saúde, assistência social e segurança pública. A gestão municipal, no entanto, insiste que as intervenções visam garantir a dignidade dos usuários, sem comprometer o direito de ir e vir das pessoas em situação de rua.