Mamadou Gaye, ex-cônsul honorário da França na Bahia, entrou com uma ação judicial contra um cidadão francês, após ser alvo de injúria racial durante seu trabalho no consulado entre 2019 e 2024. O conflito teve início em 2023, quando Gaye recusou um pedido do homem para intermediar um contato com autoridades francesas. Insatisfeito, o agressor passou a enviar e-mails ofensivos, culminando em um insulto racial no qual chamou Gaye de “tirano africano” e o mandou “voltar ao seu buraco parisiense”. O ex-cônsul, então, acionou a Justiça para obter reparação por danos morais.
Em janeiro de 2024, a Justiça determinou o pagamento de R$ 3 mil ao ex-cônsul, uma quantia considerada insuficiente por ele, que havia pedido R$ 40 mil. Além disso, a decisão não abordou o pedido de retratação pública. Gaye recorreu da sentença, alegando que a reparação não refletia a gravidade do ocorrido e que o tratamento recebido pela Justiça reforçava o desrespeito. O ex-cônsul também planeja recorrer ao Ministério Público para buscar medidas adicionais na esfera criminal, caso o agressor continue impune.
O Consulado Geral da França se manifestou dizendo que não comenta decisões judiciais, mas reiterou sua postura de condenar qualquer forma de racismo. O caso gerou discussões sobre a eficácia da resposta judicial diante de incidentes de racismo e as dificuldades enfrentadas por vítimas que buscam reparação e justiça no Brasil.