O Congresso da Nicarágua aprovou, nesta quinta-feira, uma série de reformas constitucionais que fortalecem o controle do governo sobre diversas instituições, incluindo a mídia e o cargo de vice-presidente. As reformas foram defendidas como um avanço de uma revolução que já dura quase 50 anos, mas foram amplamente criticadas por opositores, que acusam o governo de consolidar um regime cada vez mais autoritário. A principal mudança inclui a formalização do cargo de copresidente, ocupado pela esposa do presidente, que terá o poder de nomear um número ilimitado de vice-presidentes, permitindo uma maior centralização do poder.
Além disso, o novo esquema prevê a possibilidade de reeleição presidencial indefinida, o que já havia sido garantido por reformas anteriores. A mudança também estabelece que, em caso de falecimento do presidente, o copresidente assumirá automaticamente o poder, sem a necessidade de novas eleições. Essa alteração aumenta a especulação sobre a eventual ascensão de familiares do presidente ao cargo, dada a presença de filhos do casal Ortega-Murillo em altos cargos do governo e em veículos de mídia estatais.
Com a aprovação do Congresso, controlado pelo partido Frente Sandinista, as reformas entrarão em vigor assim que forem publicadas no diário oficial. A medida foi um reflexo da estratégia política do governo para consolidar ainda mais o poder e diminuir a oposição, ao mesmo tempo em que redefine as funções políticas dentro do país, especialmente no que se refere à estrutura de liderança.