A empresa Tools for Humanity, responsável pelo projeto World, continua oferecendo compensação financeira pela coleta de dados biométricos, como a leitura da íris, no Brasil, mesmo após a suspensão determinada pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). O projeto, iniciado em novembro de 2024, visa criar uma identidade digital global, alegando aumentar a segurança online. No entanto, o pagamento de cerca de R$ 600 em criptomoedas para os participantes tem gerado questionamentos sobre a legalidade da coleta, especialmente entre populações vulneráveis.
Especialistas em proteção de dados apontam que a oferta de incentivos financeiros pode comprometer a liberdade de consentimento, considerando que a população, em muitos casos, não está totalmente informada sobre os riscos envolvidos. O uso de dados biométricos, como a íris, também é considerado de alto risco, pois, ao contrário de senhas, esses dados são irreplicáveis e não podem ser alterados em caso de vazamento ou uso indevido. A ANPD e outros órgãos reguladores no Brasil e no exterior têm levantado preocupações sobre a segurança e a finalidade da coleta desses dados, sem garantias claras sobre seu destino.
A resistência ao projeto se intensifica à medida que o governo e especialistas reforçam a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa. Para garantir a proteção da privacidade e dos dados pessoais, a ANPD proíbe a comercialização da coleta de íris até que haja mais esclarecimentos sobre os impactos da medida. O uso de criptomoedas como forma de pagamento também levanta preocupações sobre práticas ilícitas, como lavagem de dinheiro, e pode facilitar a adoção de sistemas de vigilância em massa, o que pode gerar discriminação e violação da privacidade individual.