Cientistas da Unicamp e do Inpa desenvolveram uma estrutura chamada AmazonFACE, projetada para simular o aumento da concentração de CO₂ na floresta amazônica até 2060. Esse experimento visa analisar os impactos das mudanças climáticas na região, que poderá ver um aumento de 50% no CO₂ nas próximas três décadas. A máquina do tempo criada na floresta permitirá que os pesquisadores monitorem como o ecossistema, incluindo as populações humanas e as espécies nativas, reagirá a essas alterações. O estudo foca, entre outras questões, na adaptação de comunidades ribeirinhas e indígenas, além de possíveis efeitos socioeconômicos, como a alteração no ciclo de plantas usadas para alimentação e medicina.
Além das mudanças ambientais, o experimento busca entender como o aumento de CO₂ impacta os usos culturais e econômicos das espécies amazônicas, fundamentais para as populações locais. A pesquisa tem como objetivo mapear como essas transformações podem afetar a segurança alimentar, a mobilidade e a saúde, especialmente em cenários de seca extrema. Os dados coletados nos próximos anos serão utilizados para apoiar políticas públicas que possam mitigar os efeitos das mudanças climáticas e auxiliar as comunidades que dependem da floresta para sobreviver.
O projeto, com um investimento de R$ 32 milhões do governo brasileiro e 7,3 milhões de libras do Reino Unido, envolve cerca de 130 pesquisadores e está sendo considerado um dos maiores estudos sobre as consequências do aumento de CO₂ em florestas tropicais. Além dos aspectos ecológicos, o experimento analisa as respostas dos animais e as mudanças nos fluxos de carbono e umidade, criando modelos para prever o impacto dessas mudanças nos próximos anos. Com a ajuda de tecnologias avançadas, o AmazonFACE busca fornecer informações cruciais para a adaptação de populações e a preservação do bioma amazônico.