Entre quinta (16) e sexta-feira (17), Santa Catarina foi atingida por chuvas extremamente intensas que causaram caos em diversas cidades, resultando em mortes, danos à infraestrutura e milhares de pessoas desabrigadas. Pelo menos 13 municípios decretaram situação de emergência, com destaque para cidades como Biguaçu, São José e Balneário Camboriú, que registraram chuvas de até 300 mm em apenas 24 horas, muito além da previsão inicial de 50 a 70 mm. A magnitude do evento surpreendeu até os meteorologistas da Defesa Civil, que apontaram a dificuldade de prever fenômenos como esse, devido à geografia local e à falta de investimentos em estudos específicos sobre esses tipos de tempestades.
A especialista Regina Rodrigues, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destacou que o evento se caracteriza como uma “lestada”, fenômeno climático difícil de ser antecipado devido à sua natureza localizada e à falta de dados precisos sobre esse tipo de chuva. Ela também ressaltou a necessidade de maior investimento em pesquisas e em tecnologias de previsão meteorológica, além da capacitação de profissionais para lidar com situações extremas. A combinação de circulação marítima e um sistema de baixa pressão atmosférica contribuiu para a formação das intensas chuvas, conforme a Epagri/Ciram.
O impacto das chuvas foi severo, com alagamentos e desabamentos em várias regiões, incluindo a destruição parcial de instalações do Corpo de Bombeiros em Santa Catarina. A especialista sugeriu que o planejamento urbano deve integrar conceitos como o das “cidades-esponja”, que propõem formas mais sustentáveis de lidar com a água da chuva, como a preservação de áreas verdes e o manejo de ecossistemas urbanos. A tragédia, embora relacionada a fenômenos climáticos naturais, reflete também a crescente intensificação de eventos extremos, um dos efeitos das mudanças climáticas.