Há 21 anos, uma tragédia abalou a zona rural de Unaí, em Minas Gerais, com o assassinato de quatro pessoas, incluindo três auditores fiscais do trabalho e um motorista. O caso, conhecido como a chacina de Unaí, envolveu uma emboscada executada a mando de um fazendeiro, que tinha interesses ligados à fiscalização do trabalho rural na região. Inicialmente, a principal vítima era um auditor fiscal específico, cujas ações de fiscalização incomodaram fazendeiros locais, mas a execução acabou resultando na morte de outros envolvidos, sem que os mandantes soubessem quem eram todas as vítimas.
De acordo com relatos de um colega de trabalho da vítima principal, o crime foi motivado não apenas pelas ações de fiscalização, mas também pelo fato de o auditor ser negro, o que gerava resistência por parte de fazendeiros de perfil econômico e político influente. A chacina de Unaí expôs questões profundas sobre a relação entre autoridades fiscais e os poderosos do campo, revelando um contexto de resistência e violência contra a fiscalização do trabalho, especialmente no combate ao trabalho análogo à escravidão.
Após o crime, os protocolos de fiscalização no Brasil passaram por mudanças significativas. As equipes começaram a atuar de forma mais cautelosa e integrada com as forças de segurança, como a Polícia Federal, para garantir a proteção dos fiscais e a continuidade das investigações sobre condições de trabalho ilícitas nas áreas rurais. A tragédia, portanto, não apenas marcou a história do país, mas também gerou uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelos profissionais que atuam na defesa dos direitos trabalhistas nas regiões mais vulneráveis e isoladas.