A promessa de cessar-fogo na Faixa de Gaza, marcada para o próximo domingo (19), não deve interromper as ambições de expansão do Estado de Israel e o crescimento dos assentamentos ilegais na Cisjordânia. Especialistas em direito internacional, como o professor Salem Nasser, analisam que o acordo foi uma exigência da nova administração dos Estados Unidos, mas que pode não ser duradouro. O governo israelense, liderado por Benjamin Netanyahu, enfrenta pressões internas, especialmente de ministros mais radicais, e a possibilidade de um recuo temporário pode ser compensada com um avanço na colonização da Cisjordânia, território fundamental para o projeto da Grande Israel.
O conceito de Grande Israel, que remonta aos primórdios do movimento sionista, preconiza a expansão territorial do país do Rio Nilo ao Rio Eufrates, incluindo partes de países como Egito, Jordânia e Iraque. Embora Israel não defenda oficialmente essa proposta, o apoio de partidos de extrema-direita e grupos de colonos judeus na Cisjordânia fortalece essa visão. Mesmo com a possível implementação de um cessar-fogo, a situação política interna de Israel e o desejo de alguns setores do governo por mais territórios palestinos, como Gaza, continuam a alimentar o debate sobre os rumos da ocupação.
Sobre o Hamas, especialistas como Nasser apontam que, embora o grupo palestino tenha se fortalecido pela resistência, a destruição em Gaza pode forçar concessões em busca de ajuda internacional para a reconstrução. A solução de dois Estados, defendida por boa parte da comunidade internacional, é vista como inviável por muitos, incluindo a liderança israelense, que parece apostar na continuidade de sua estratégia de expansão. A questão palestina, portanto, segue em aberto, e o futuro da região depende de uma série de fatores geopolíticos, incluindo o papel dos países árabes e a estratégia de normalização de relações com Israel.