Na cordilheira do Espinhaço, em Minas Gerais, famílias de agricultores vivem uma tradição singular: a transumância. Durante alguns meses do ano, elas se mudam para as lapas, casas de pedra esculpidas na montanha, para coletar flores sempre-vivas, uma atividade essencial para a renda local. Cada família possui sua lapa, transmitida de geração em geração, e adapta-se ao ambiente com estruturas como fogões a lenha, despensas e camas rudimentares chamadas de “jirau”.
A coleta de flores sempre-vivas, como o capim dourado, sustenta a produção de itens artesanais exportados anualmente. Ao mesmo tempo, os agricultores mantêm o cultivo de alimentos e a criação de animais, que também migram em busca de melhores condições durante a seca. Esse modo de vida itinerante foi reconhecido como patrimônio agrícola mundial pela ONU, destacando sua relevância cultural e econômica para a região.
Além de sua importância econômica, a prática preserva tradições e promove a interação entre gerações. Mesmo diante de desafios como restrições de acesso às áreas de coleta no passado, comunidades continuam a perpetuar este estilo de vida, incluindo crianças e adolescentes, que aprendem e mantêm viva a cultura agrícola e artesanal da região.