Uma pesquisa recente revelou que os australopitecos, ancestrais do ser humano, provavelmente não consumiam carne em suas dietas, baseadas principalmente em vegetais. O estudo analisou os dentes de sete indivíduos dessa espécie, que viveram entre 3,7 e 3,3 milhões de anos atrás, na África do Sul, usando a química do esmalte dentário. As descobertas sugerem que, apesar de algumas evidências de ferramentas de pedra e ossos com marcas de corte, o consumo de carne não era um componente essencial de sua alimentação, contrariando teorias anteriores sobre sua importância para o desenvolvimento cerebral.
A pesquisa desafia a ideia de que a carne desempenhou um papel crucial na evolução dos australopitecos, especialmente no aumento do tamanho do cérebro, uma característica associada ao crescimento das capacidades cognitivas humanas. De acordo com a geoquímica Tina Lüdecke, uma das autoras do estudo, os dados apontam que o consumo de carne foi um desenvolvimento posterior, possivelmente adotado por outras linhagens evolutivas, como os hominídeos. Assim, a dieta dos australopitecos era predominantemente composta por recursos vegetais.
O estudo também fornece novos insights sobre os hábitos alimentares e o comportamento dos australopitecos, que viveram na África do leste e sul há milhões de anos. Apesar de possuírem cérebros menores em comparação aos humanos modernos, esses hominídeos já apresentavam algumas características importantes, como a locomoção bípede e o uso inicial de ferramentas. A análise do genoma e outros dados evolutivos continuam a fornecer informações sobre a complexa relação entre dieta, desenvolvimento cerebral e a evolução dos seres humanos.