Pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revela que, no Brasil, oito de cada dez casos de câncer de cabeça e pescoço são diagnosticados em estágio avançado. O estudo, publicado na renomada revista The Lancet Regional Health Americas, analisou 145 mil casos entre 2000 e 2017. Um dos principais achados é a relação entre o nível educacional do paciente e o estágio do câncer no momento do diagnóstico. Pacientes com menor escolaridade tendem a ser diagnosticados tardiamente, o que agrava o prognóstico.
Além disso, o Inca observou que a faixa etária dos pacientes diagnosticados com casos mais graves é mais jovem, com idades de 30 a 50 anos, e a maioria é composta por pessoas de baixa renda, sem o ensino básico completo. Homens com essas características, especialmente os que fumam e consomem bebidas alcoólicas, têm maior risco de desenvolver tumores em estágios mais avançados. As disparidades regionais também são evidentes, com a Região Norte apresentando maior prevalência de diagnósticos em fases mais críticas da doença.
Para melhorar o diagnóstico precoce e, consequentemente, as taxas de cura — que podem chegar a 90% quando a doença é tratada no início —, o Inca defende ações para facilitar o acesso rápido a consultas e exames especializados. A abordagem sugere a redução de burocracia nos encaminhamentos realizados pelas equipes de atenção primária, um passo importante para otimizar o processo de diagnóstico e garantir melhores resultados no tratamento do câncer de cabeça e pescoço.