O Brasil alcançou, em 2024, o maior número de denúncias de trabalho escravo e análogo à escravidão da sua história, com 3.959 relatos registrados, representando um aumento de 15% em relação a 2023. Os dados foram obtidos pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e refletem uma tendência crescente desde 2021, ano em que o número de denúncias começou a aumentar significativamente. Os Estados com maior número de casos reportados foram São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com o Disque 100 sendo o principal canal utilizado para o registro das ocorrências.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, o trabalho análogo à escravidão é caracterizado por condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva ou restrição de liberdade devido a dívidas contraídas com o empregador. Embora o número de denúncias tenha crescido, o número de resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão apresentou uma queda significativa, com 1.273 resgates registrados entre janeiro e novembro de 2024, uma redução de 60% em comparação com 2023.
Em contrapartida, os valores pagos a título de verbas trabalhistas e rescisórias já ultrapassaram R$ 12,6 milhões até dezembro de 2024. Parte significativa dos resgates ocorreu durante a Operação Resgate, realizada em agosto, que resultou no resgate de 593 trabalhadores e no pagamento de R$ 1,9 milhão em direitos trabalhistas. Esse esforço contou com a participação de 23 equipes de fiscalização em 15 estados e no Distrito Federal, com foco na erradicação de práticas abusivas no mercado de trabalho.