O Brasil registrou um aumento significativo na liberação de agrotóxicos e defensivos biológicos em 2024, alcançando um total de 663 produtos aprovados, o que representa uma alta de 19% em relação ao ano anterior. A maioria desses produtos é composta por agrotóxicos genéricos, com destaque para 15 produtos químicos inéditos. A mudança também se deu no contexto da implementação da nova lei dos agrotóxicos, sancionada no final de 2023, que visa acelerar o processo de análise e liberação de novos produtos.
Entre os novos defensivos, 106 são biológicos, considerados de baixo risco, e, desde dezembro de 2024, passaram a ser classificados como bioinsumos devido à alteração na legislação. Apesar do aumento nas liberações, a pesquisa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de 2023 mostrou que grande parte dos produtos aprovados não foi comercializada. A nova lei também determinou prazos mais curtos para aprovação de registros, o que gerou controvérsias, especialmente entre ambientalistas, que apontaram um retrocesso nas normas de segurança e a omissão de características perigosas dos produtos.
O aumento no número de aprovações reflete tanto a priorização de produtos de baixo risco quanto o cumprimento de decisões judiciais que impactaram o processo. Entre os produtos químicos inéditos liberados para o mercado, dois fungicidas, Orandis Opti e Miravis Opti, têm sido alvo de preocupações, pois são considerados tóxicos à saúde humana e ao meio ambiente. Esses produtos, entre outros, utilizam substâncias com alta persistência no ambiente e são classificados como perigosos para organismos aquáticos, o que intensifica o debate sobre o uso e a regulamentação dos agrotóxicos no país.