Nesta sexta-feira (10), Nicolás Maduro assumiu seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, em uma cerimônia marcada por divisões políticas. A decisão do governo brasileiro de enviar a embaixadora em Caracas, Glivânia Oliveira, gerou debate entre parlamentares, principalmente após a prisão temporária da líder oposicionista María Corina Machado, que foi liberada horas depois. A escolha de manter a representação brasileira foi questionada, já que diversos países não reconhecem o resultado das eleições venezuelanas, caracterizadas por uma série de controvérsias.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) criticou fortemente a decisão, considerando a presença brasileira no evento uma vergonha para o país. Para ele, a postura do governo federal diante da situação na Venezuela reflete mal no cenário internacional. Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), defendeu que o envio da embaixadora foi uma formalidade, pois a relação com a Venezuela já está deteriorada devido à falta de transparência nos processos eleitorais do país. Segundo Wagner, a presença da embaixadora não implica apoio à posse de Maduro, mas sim a manutenção das relações diplomáticas.
Essa divergência sobre a postura brasileira ocorre em um contexto de tensões políticas internas, com a administração de Luiz Inácio Lula da Silva tentando, sem sucesso, intermediar um diálogo entre o governo de Maduro e a oposição, em 2024. A ausência de reconhecimento do resultado eleitoral pela parte brasileira, que não recebeu as atas das eleições, agrava ainda mais a relação entre os dois países. O envio da embaixadora reflete, portanto, uma ação formal, sem que o Brasil tenha endossado diretamente o novo mandato de Maduro.