O Brasil anunciou um programa que concede áreas públicas degradadas a empresas privadas para promover o reflorestamento em troca da comercialização de créditos de carbono. A iniciativa visa combater a crise climática, atrair investimentos sustentáveis e restaurar a cobertura florestal, especialmente em regiões críticas como o arco do desmatamento. Embora a proposta seja promissora, especialmente ao permitir que o setor privado contribua para a sustentabilidade em um cenário de financiamento público limitado, ela levanta dúvidas sobre sua implementação e eficácia.
Um dos principais desafios do programa é a falta de clareza quanto ao tipo de reflorestamento que será incentivado. A prioridade será a restauração de florestas nativas ou o modelo poderá favorecer monoculturas como o eucalipto, que sequestram carbono rapidamente, mas têm impacto limitado na biodiversidade e na regeneração do ecossistema? Além disso, a ausência de critérios claros pode abrir margem para práticas ambientais questionáveis. Outro aspecto crítico é o impacto social e ambiental a longo prazo, especialmente em relação às comunidades locais e povos indígenas, que dependem diretamente das florestas para sua sobrevivência.
Do ponto de vista econômico, existe o risco de empresas usarem o programa como uma oportunidade de greenwashing, criando uma imagem de responsabilidade ambiental sem compromissos reais com a sustentabilidade. A falta de fiscalização robusta e a transparência nos contratos podem transformar o projeto em uma chance desperdiçada. O sucesso da concessão de terras para reflorestamento depende de regras claras, fiscalização eficaz e um equilíbrio entre as metas econômicas e ambientais, o que pode transformar a iniciativa em um marco para a preservação ou em um modelo que apenas perpetue antigos problemas.