No ano de 2024, o Brasil manteve-se como o país com o maior número de mortes de pessoas trans, com 105 registros, apesar de uma leve diminuição em comparação com o ano anterior. O país segue, pelo 17º ano consecutivo, liderando o ranking global de assassinatos de pessoas trans, com grande concentração de casos nas regiões Nordeste e Sudeste. As vítimas, em sua maioria mulheres trans ou travestis, enfrentam uma violência extrema, refletindo uma realidade de discriminação e marginalização. Entre as vítimas, muitos eram trabalhadores sexuais e jovens de 26 a 35 anos, predominantemente negras e pardas.
O dossiê elaborado pela Rede Trans Brasil revelou ainda que a maior parte dos homicídios ocorre em espaços públicos e é cometida com armas de fogo ou facas. Embora os dados mostrem uma redução no número total de mortes, a violência continua sendo uma questão alarmante e persistente. Além disso, 66% dos casos estavam sob investigação no final do ano, enquanto 34% resultaram em prisões. A falta de políticas públicas eficazes e o tratamento inadequado da mídia, que em uma pequena parte dos casos se referiu às vítimas com os nomes anteriores à transição, são apontados como fatores que agravam a situação.
Embora haja avanços no debate público sobre a causa trans, como a aprovação de cotas em universidades, a realidade de exclusão e violência permanece para grande parte dessa população. A secretária adjunta da Rede Trans Brasil destaca a urgência de políticas públicas inclusivas que garantam segurança, educação, saúde e empregabilidade para pessoas trans, a fim de combater a transfobia e garantir uma vida digna para todos.