O Brasil registrou uma redução no número de crianças vivendo em condições de pobreza, mas a situação continua alarmante, com mais da metade da população infantil, de 0 a 17 anos, sem acesso a direitos fundamentais. Em 2023, cerca de 28,8 milhões de crianças e adolescentes, representando 55,9% do total, ainda estavam em situação de vulnerabilidade. Esse número, embora seja uma queda em relação a 2017, quando eram 34,3 milhões, ainda revela grandes desafios para a superação da pobreza infantil no país.
Entre as melhorias destacadas, a pobreza extrema entre os jovens diminuiu significativamente, caindo de 13,8 milhões (23,8%) em 2017 para 9,8 milhões (18,8%) em 2023. A principal razão para esse avanço foi o aumento no acesso à renda, especialmente com programas governamentais como o Bolsa Família, que tiraram milhões de crianças da pobreza nos últimos anos. Contudo, apesar dessas melhorias, o relatório também aponta um agravamento em áreas essenciais como a educação e a proteção contra o trabalho infantil, com o aumento da taxa de crianças não alfabetizadas, que passou de 14% em 2019 para 30% em 2023.
As desigualdades regionais e raciais no Brasil permanecem profundas. Na zona rural, 95,3% das crianças enfrentam privações, enquanto nas áreas urbanas esse índice é de 48,5%. As condições de saneamento básico são precárias, com 91,8% das crianças rurais sem acesso a esse serviço essencial. Além disso, crianças negras apresentam taxas de privação mais altas, atingindo 63,6%, contra 45,2% entre crianças brancas, evidenciando a persistência das disparidades raciais no país.