Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que o programa Bolsa Família contribui para a redução das taxas de mortalidade entre pessoas internadas com transtornos mentais. A pesquisa acompanhou cerca de 70 mil pacientes de 2008 a 2015 e comparou as taxas de mortalidade entre beneficiários e não beneficiários do programa. Os resultados indicaram que os beneficiários apresentaram uma mortalidade por causas naturais 11% menor e uma redução de 7% na mortalidade total, em comparação aos não beneficiários.
O programa Bolsa Família, que visa garantir alimentação, saúde e educação para famílias de baixa renda, tem como requisitos o acompanhamento de saúde e educação, o que pode ter influenciado os resultados observados. Os pesquisadores destacam que a maior taxa de sobrevivência entre os beneficiários pode estar relacionada a um melhor acesso a serviços de saúde primária e exames de rotina, condições essenciais para a manutenção do benefício. Além disso, os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, têm sido associados à melhoria da segurança financeira, o que pode reduzir o risco de doenças relacionadas a estresse e tensões financeiras.
O estudo também mostrou que o impacto positivo foi mais significativo entre mulheres e jovens. Entre pacientes com idades entre 10 e 24 anos, a mortalidade por causas naturais foi 44% menor, e a mortalidade total, 21% menor, entre os beneficiários. No caso das mulheres, a mortalidade por causas naturais diminuiu 27%, enquanto a total teve uma redução de 25%. Caso o benefício fosse concedido a todos os pacientes psiquiátricos, estima-se que pelo menos 4% das mortes poderiam ter sido evitadas. Os pesquisadores sugerem que a assistência financeira destinada a aliviar a pobreza pode reduzir significativamente o risco de mortalidade em grupos vulneráveis, como os pacientes com transtornos mentais.