O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, confirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) continuará elevando a taxa Selic para garantir que a inflação retorne à meta estabelecida pelo governo. Em uma carta enviada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo detalhou o cenário econômico adverso e os desafios para a convergência da inflação, que em 2024 ultrapassou o teto da meta de 3%, atingindo 4,83%. A expectativa é que o ciclo de aperto monetário seja mantido nas próximas reuniões do Copom, com ajustes de 1 ponto percentual previstos para janeiro e fevereiro de 2025.
A inflação de 2024 superou a meta definida pelo governo, que permitia uma variação de até 4,5% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O presidente do Banco Central reconheceu que diversos riscos internos, como a percepção do mercado sobre o cenário fiscal do país, contribuíram para a desvalorização do real e a alta da inflação. Além disso, a carta menciona que o comportamento do mercado de câmbio foi impactado pela deterioração da confiança dos investidores na política fiscal, o que refletiu negativamente nas expectativas de inflação e no prêmio de risco.
Embora a questão fiscal tenha sido citada, Galípolo evitou aprofundar a discussão sobre o tema, focando mais nas medidas que o BC está adotando para retomar o controle da inflação. O descumprimento da meta de inflação exigiu a explicação formal do Banco Central ao Ministério da Fazenda, conforme exigido pela legislação, para garantir que as ações do Comitê resultem na convergência da inflação para a meta dentro do prazo estabelecido. A próxima reunião do Copom será a primeira sob a gestão de Galípolo e será crucial para as novas decisões sobre a política monetária do país.