Gabriel Galípolo, novo presidente do Banco Central, iniciará sua gestão com uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o descumprimento da meta de inflação de 2024. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 4,83%, acima do teto da meta de 4,50%. Esse é o oitavo descumprimento da meta desde a implementação do regime de metas em 1999. A carta será uma formalidade necessária, já que o IPCA de dezembro foi divulgado apenas em janeiro, após a posse de Galípolo.
Desde 2019, o Banco Central, sob a presidência de Roberto Campos Neto, foi o mais falho em cumprir as metas de inflação, com o IPCA ultrapassando o limite em três ocasiões. O descumprimento da meta de 2024 já era esperado pelo mercado financeiro e pelo próprio Banco Central, dado que as projeções indicavam que o índice ficaria acima do limite de 4,50%. Além disso, a transição para o novo sistema de meta contínua, com centro de 3%, implica mudanças na maneira de medir o cumprimento das metas, agora considerando a inflação acumulada em 12 meses.
Especialistas indicam que o impacto do descumprimento da meta em 2024 sobre a credibilidade do Banco Central será limitado. O aumento da inflação foi influenciado por fatores externos, como eventos climáticos e a alta do dólar, e a autoridade monetária reagiu ao elevar a Selic. No entanto, a forma como o Banco Central lidará com as expectativas de inflação em 2025 e os próximos anos será crucial para sua credibilidade, já que as projeções para os próximos anos indicam uma inflação superior à meta estabelecida.