O Banco Central (BC) explicou que a inflação em 2024 superou a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), ficando em 4,83%, devido à combinação de fatores externos e internos. A valorização do dólar e o aumento das commodities, que tiveram impacto significativo sobre os preços, contribuíram para 0,72 ponto percentual do desvio da meta. O BC destacou que a depreciação do real foi um fator relevante, com o câmbio brasileiro se desvalorizando 19,7%, mais que as principais moedas emergentes, sugerindo que fatores internos, como a percepção sobre o cenário fiscal, influenciaram essa dinâmica.
Além disso, o aquecimento da economia brasileira também foi um fator que pressionou a inflação. O crescimento do PIB em 2024, de 3,3% até o terceiro trimestre, aliado à queda histórica no índice de desemprego, ajudou a aquecer o mercado de consumo e impulsionou os preços. A inflação no setor de serviços desacelerou, mas os bens industriais sofreram uma alta devido à valorização do dólar e ao aumento dos preços de metais. A alimentação em casa, por sua vez, teve um aumento significativo, principalmente devido a fatores climáticos e ao aumento das exportações de carne.
No segmento de preços administrados, como combustíveis e planos de saúde, a inflação também ficou acima das expectativas, com destaque para o aumento de 9,7% na gasolina, impulsionado pela alta do dólar, pelos preços do etanol anidro e pela elevação do ICMS. O BC ressaltou que, apesar da queda do preço do petróleo, os impactos desses fatores elevaram os preços, afetando o orçamento das famílias e contribuindo para o desvio da inflação em relação à meta.