Um estudo publicado na revista The Lancet Global Health revela que a baixa escolaridade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo no Brasil, condição associada ao desenvolvimento de demência. O declínio cognitivo envolve a perda progressiva de habilidades mentais, como memória e capacidade de aprendizagem, e sua ocorrência no Brasil já atinge cerca de 2,71 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. A projeção para 2050 indica que esse número poderá alcançar 5,6 milhões de casos. A pesquisa também aponta que, ao contrário de países desenvolvidos, o Brasil apresenta características próprias que influenciam o risco de declínio cognitivo.
A análise, que incluiu dados de mais de 41 mil pessoas de países latino-americanos, destacou que a educação deficiente, somada a fatores como problemas de saúde mental, sedentarismo e isolamento social, desempenha um papel decisivo na saúde cerebral dos brasileiros. Embora a idade e o sexo sejam considerados fatores de risco globais, no Brasil esses aspectos têm relevância estatística menor, com a baixa escolaridade aparecendo como a principal causa. Especialistas sugerem que a instabilidade econômica e a insegurança social, típicas de algumas regiões, também contribuem para a deterioração cognitiva.
O estudo enfatiza que a melhoria na educação, especialmente nas regiões mais pobres, é fundamental para mitigar os riscos do declínio cognitivo. Os pesquisadores defendem que o Brasil precisa priorizar o investimento em educação como uma estratégia para combater o aumento de casos de demência, propondo uma maior atenção à qualificação educacional da população.