O nascimento de Hilda, uma bezerra na Escócia, está sendo visto como um marco na busca por soluções para reduzir as emissões de metano da pecuária. Hilda foi concebida através de fertilização in vitro e faz parte de um projeto que combina tecnologias de seleção genética para criar vacas com menor produção de metano. O metano gerado por arrotos e esterco dos bovinos é um potente gás de efeito estufa, responsável por cerca de 30% das emissões globais desse gás, com dois terços provenientes da produção de carne e leite. A inovação visa reduzir em até 30% as emissões de metano nos próximos 20 anos, o que teria impacto positivo no combate ao aquecimento global.
O processo envolve a previsão da emissão de metano com base no DNA das vacas, a extração de óvulos de animais mais jovens e a fertilização com sêmen selecionado, o que acelera a seleção de fêmeas mais eficientes em termos de emissões. Embora o projeto tenha sido saudado por cientistas, ele enfrenta desafios econômicos, uma vez que o custo de produção de vacas geneticamente modificadas é atualmente mais alto do que o valor econômico do animal. A viabilidade financeira para os fazendeiros depende de apoio governamental para tornar essa tecnologia economicamente sustentável, assim como foi feito com a transição para carros elétricos.
Apesar do potencial das inovações tecnológicas, especialistas alertam que apenas a melhoria genética não será suficiente para atingir as metas climáticas globais. Para alcançar as metas do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global, é necessário uma mudança mais ampla, que inclua a redução do consumo de carne e laticínios. De acordo com estudos, a diminuição da produção e consumo desses produtos poderia reduzir significativamente as emissões globais, contribuindo para uma dieta mais sustentável e menos impactante ao meio ambiente. No entanto, o aumento constante da demanda por carne e laticínios, especialmente em países em desenvolvimento, representa um obstáculo para uma solução integral.