A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou que a multinacional Tools for Humanity (TFH) suspenda a oferta de criptomoeda ou qualquer outra compensação financeira pela coleta de íris no Brasil. A decisão ocorre após um processo de fiscalização iniciado pela ANPD, que investiga a coleta de dados biométricos pela empresa, fundada em 2019 e com sede nos Estados Unidos e na Alemanha. O foco da fiscalização está na conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que exige consentimento claro e específico para o tratamento de dados sensíveis.
A coleta de íris tem como objetivo alimentar a plataforma World ID, projetada para confirmar a identidade de uma pessoa como ser humano único e vivo, com a promessa de aumentar a segurança digital em um contexto de crescimento da inteligência artificial. No entanto, a ANPD considera que a prática de oferecer criptomoedas em troca do escaneamento de íris viola a LGPD, já que o consentimento para o uso de dados biométricos não seria livre, informado e específico como exige a legislação.
Especialistas em proteção de dados apontam riscos no uso de informações biométricas associadas a tecnologias avançadas, como a inteligência artificial. Mais de um milhão de brasileiros já baixaram o aplicativo da TFH, e mais de 400 mil pessoas autorizaram o escaneamento de suas íris. A preocupação com a privacidade e a segurança dessas informações segue sendo um tema central nas discussões sobre a proteção de dados pessoais no país.