A América Latina enfrenta uma crescente polarização fiscal, com países como Argentina e Brasil adotando abordagens contrastantes em relação à austeridade e ao déficit público. Na Argentina, o presidente Javier Milei implementou severos cortes fiscais que, possivelmente, resultarão no primeiro superávit fiscal do país em mais de uma década, o que impulsionou a recuperação de seus títulos no mercado. Em contraste, no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta desafios para reduzir o déficit fiscal, o que gerou incertezas no mercado financeiro, afetando negativamente o real e os ativos brasileiros.
O Paraguai se encontra em uma posição intermediária, adotando uma abordagem fiscal mais moderada em comparação com os dois vizinhos. O ministro da Economia, Carlos Fernandez, defende a importância de uma política fiscal sustentável, destacando que a falta de ajuste pode resultar em uma maior rigidez da política monetária devido ao receio de inflação. O país tem buscado controlar o déficit fiscal por meio de cortes seletivos, como a redução de gastos com a folha de pagamento e uma melhoria na arrecadação tributária. Em 2023, o déficit fiscal foi reduzido para 2,6% do PIB, com a meta de limitar a 1,5% até 2026.
Apesar de uma base tributária modesta em relação aos países vizinhos, o Paraguai tem atraído atenção positiva devido ao crescimento econômico e à estabilidade fiscal. Em 2024, o país conquistou sua primeira classificação de crédito de grau de investimento pela Moody’s, embora ainda enfrente desafios em relação à governança e ao estado de direito. O Paraguai também vê uma oportunidade de ganhar investimentos por meio das políticas de “friend-shoring”, que incentivam empresas a transferirem a produção de países autoritários para aliados dos Estados Unidos. A estratégia busca ampliar as relações com os EUA e mostrar o país como um destino atraente para novos investimentos.