O setor industrial brasileiro encerrou 2024 com uma desaceleração significativa, atingindo o nível mais baixo do ano, conforme mostrado pela pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI) da S&P Global. Em dezembro, o PMI caiu para 50,4, uma diminuição em relação aos 52,3 de novembro, mantendo-se acima da linha de 50 que separa crescimento de contração. A pesquisa apontou que a indústria enfrentou uma expansão fraca nas encomendas e na produção, com o ritmo de crescimento mais baixo dos últimos quatro meses. A diminuição da demanda interna, impulsionada pela redução do poder de compra das famílias, foi um fator central para essa perda de ritmo.
Além dos desafios internos, o setor também enfrentou dificuldades com a queda nas encomendas internacionais, principalmente pela demanda mais baixa da Ásia, do Mercosul e dos Estados Unidos. O enfraquecimento da demanda levou muitas empresas a reduzir suas contratações, com o ritmo de criação de empregos sendo o mais fraco desde agosto de 2023. A fraqueza do real frente ao dólar também contribuiu para o aumento dos custos de produção, especialmente com commodities, alimentos e frete, o que resultou em uma alta nos preços de venda no último mês do ano.
Apesar dessa desaceleração, os empresários permanecem cautelosamente otimistas em relação ao futuro. Cerca de 63% dos entrevistados indicaram expectativas de recuperação no setor, especialmente no aumento dos investimentos e na demanda, com algumas áreas, como o setor automotivo, projetando melhora. No entanto, o cenário de juros elevados pode dificultar o crescimento econômico e forçar as empresas a focarem em eficiência operacional em vez de expansão. A perda de confiança, embora leve, reflete os desafios que o setor pode enfrentar no início de 2025.