A arrecadação de impostos do governo federal brasileiro registrou um crescimento de quase 10% em 2024, alcançando R$ 2,7 trilhões, o maior valor dos últimos 30 anos. Esse aumento foi impulsionado pelo crescimento da economia, pela retomada da tributação sobre combustíveis e pela implementação de novas medidas, como a tributação de investimentos no exterior e fundos exclusivos. Essas ações ajudaram a aumentar a arrecadação em cerca de R$ 21 bilhões, além de gerar mais R$ 18 bilhões por meio de iniciativas que incentivaram a regularização fiscal.
Apesar desse aumento expressivo na arrecadação, as contas do governo continuam no vermelho. De janeiro a novembro de 2024, o déficit fiscal acumulado foi de R$ 67 bilhões, o que significa que o governo gastou mais do que arrecadou. A equipe econômica conta com o desempenho positivo da arrecadação para alcançar a meta fiscal de 2024, que prevê um déficit zero, com uma tolerância para um resultado negativo de até R$ 28,8 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo cumpriu essa meta.
Especialistas alertam, no entanto, que a forte arrecadação não é suficiente para melhorar as contas públicas de forma sustentável. O economista Gabriel Barros destaca que a alta das despesas, especialmente com setores indexados como saúde, educação e emendas parlamentares, precisa ser enfrentada para garantir um equilíbrio fiscal duradouro. Para ele, a estratégia fiscal deve incluir a contenção de gastos vinculados à receita para que o aumento na arrecadação possa realmente contribuir para a redução da dívida pública e para uma trajetória financeira mais saudável.