O projeto “Amazônia Revelada: Mapeando Legados Culturais” utiliza tecnologia de mapeamento com laser (Lidar) para revelar vestígios de povos originários que estavam escondidos sob a densa vegetação amazônica há milênios. A iniciativa permite a descoberta de sítios arqueológicos sem a necessidade de intervenções físicas, como desmatamento ou escavações, e tem como objetivo preservar a floresta ao agregar uma camada adicional de proteção às áreas mais ameaçadas. A colaboração entre pesquisadores, indígenas e quilombolas é essencial para a valorização e proteção dessas heranças culturais, buscando unir saberes tradicionais e científicos para assegurar a preservação ambiental da região.
O arqueólogo Eduardo Neves destaca a importância de reconhecer a presença indígena na Amazônia há mais de 13 mil anos e refutar o discurso colonial que minimizou essa contribuição. Segundo Neves, o projeto visa tornar visíveis as culturas tradicionais que ajudaram a manter a floresta intacta ao longo dos séculos. Essa valorização também busca enfrentar os impactos negativos da destruição da Amazônia, como o desmatamento e a mineração desenfreada. A preservação dos saberes indígenas, como a utilização de plantas e línguas nativas, é vista como essencial para a continuidade da biodiversidade e para o combate à crise ambiental.
Além disso, a preservação das línguas indígenas, como defendido pela linguista Altaci Kokama, é crucial para a manutenção dos saberes que podem ajudar a salvar a biodiversidade da região. A luta de comunidades quilombolas, como ilustrada pelo antropólogo Davi Pereira, também se destaca, mostrando que a história da Amazônia não é exclusiva dos povos indígenas, mas também envolve a contribuição dos descendentes de africanos. A preservação da Amazônia e a proteção de seus territórios dependem do protagonismo dos povos tradicionais, que têm sido os verdadeiros guardiões da floresta contra as ameaças de exploração desenfreada.