Em 2024, a Paraíba registrou 115 municípios em situação de emergência, sendo 114 devido à estiagem e um por erosão marinha, mas apenas quatro cidades foram contempladas com recursos federais para ações emergenciais. Alcantil, Junco do Seridó, Barra de São Miguel e Pedra Lavrada receberam um total de R$ 479 mil, destinados principalmente para o abastecimento de água potável por meio de carros-pipa. Os valores foram distribuídos entre os municípios, com Alcantil recebendo a maior quantia, de R$ 110.862,00, e Pedra Lavrada a menor, com R$ 119.844,00.
O presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba (FAMUP), George Coelho, explicou que o processo para acessar os recursos exige que os municípios apresentem planos de enfrentamento à estiagem, o que nem sempre acontece. Muitos não chegaram a solicitar os recursos, seja por não estarem em situação crítica ou por dificuldades no acesso ao sistema técnico da Defesa Civil Nacional, responsável pela análise e liberação dos fundos. Além disso, os municípios enfrentam desafios para manter e aprimorar a infraestrutura hídrica necessária para combater os efeitos da seca.
Em Monteiro, no Cariri paraibano, a cidade enfrenta problemas hídricos, apesar de o Açude de Poções estar sangrando. A cidade não recebeu recursos federais, mas iniciativas locais têm buscado alternativas, como o uso de tecnologias sociais, para mitigar os efeitos da seca. O geógrafo Éricson Torres, que lidera projetos de aproveitamento de água de chuva e construção de barreiras sanitárias em comunidades rurais, alerta para as consequências da falta de investimentos em soluções sustentáveis para a seca, especialmente para as populações mais vulneráveis.