A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou a suspensão imediata da prática de coleta de íris pela startup Tools for Humanity em São Paulo. A empresa, que oferece criptomoedas em troca do escaneamento de íris para a criação de um sistema de identificação biométrica, deverá interromper a oferta de benefícios financeiros aos brasileiros a partir de 25 de janeiro. A medida ocorre após preocupações sobre a obtenção de consentimento inadequado por parte dos participantes, que, muitas vezes, são atraídos pelo incentivo financeiro oferecido pela startup.
Segundo a ANPD, a compensação em criptomoedas pode influenciar de forma indevida a decisão dos indivíduos, especialmente em casos de vulnerabilidade social. O órgão também destacou que a coleta e o tratamento de dados biométricos, como as imagens de íris, são classificados como dados sensíveis e, portanto, exigem consentimento claro e explícito, conforme previsto pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A medida preventiva da ANPD foi aplicada devido à preocupação com a irreversibilidade dos dados coletados e a impossibilidade de exclusão das informações sensíveis fornecidas pelos usuários.
A Tools for Humanity, por sua vez, afirmou que está em conformidade com as leis brasileiras e negou que suas práticas envolvam violação de direitos. A empresa garante que está em diálogo com a ANPD para resolver as questões apontadas e manter o serviço ativo no Brasil. A startup também destacou que a World ID, seu projeto de identidade digital, visa aumentar a segurança em ambientes digitais e assegurar que cada usuário seja reconhecido como único e humano, sem interferências externas, como inteligência artificial.