Um estudo internacional sobre os impactos das mudanças climáticas nos anfíbios anuros, como sapos, rãs e pererecas, revela que as secas combinadas ao aquecimento global representarão grandes desafios para essas espécies, especialmente na Amazônia e na Mata Atlântica. Essas regiões, com grande diversidade de anfíbios, são as mais vulneráveis ao aumento da frequência, intensidade e duração de eventos de seca. A pesquisa, que foi publicada na revista *Nature Climate Change*, destaca que as áreas mais afetadas podem ver uma diminuição significativa no tempo de atividade dos anfíbios, prejudicando sua fisiologia, comportamento e reprodução.
O estudo indica que, dependendo das emissões de gases de efeito estufa, entre 6,6% e 33,6% dos habitats dos anuros podem se tornar mais áridos até o final do século. Com um aumento de temperatura de 2 ºC, a seca pode afetar até 15,4% desses habitats, enquanto um cenário de aquecimento de 4 ºC pode comprometer até 36% dessas regiões. O impacto seria especialmente grave nas zonas tropicais, como a Amazônia e a Mata Atlântica, que sofreriam um aumento de mais de quatro meses por ano de secas, afetando diretamente a alimentação e a reprodução dos anfíbios, cujas condições fisiológicas exigem umidade constante.
Além de explorar o impacto da combinação de seca e aquecimento, o estudo também investiga as possíveis adaptações dos anfíbios a esses novos ambientes. Algumas espécies podem ter a capacidade de ajustar suas estratégias comportamentais e fisiológicas, mas os pesquisadores alertam que, sem a possibilidade de migração, adaptação ou evolução ao longo de gerações, muitas dessas espécies podem estar condenadas à extinção. O estudo contribui para uma melhor compreensão dos riscos de extinções locais e regionais, ajudando a aprimorar modelos de previsão para a preservação da biodiversidade.