Um especialista em direito constitucional avaliou que as ações ocorridas em 8 de janeiro de 2023 representaram uma das mais amplas e organizadas tentativas de golpe contra a democracia em um regime democrático, superando em intensidade iniciativas similares em outros países. Segundo a análise, essas ações não foram isoladas, mas sim parte de um planejamento estratégico envolvendo núcleos especializados em diversas áreas, como sociedade civil, Parlamento, governo, Forças Armadas e polícias. O professor destacou que, caso consumado, o golpe traria uma violência ainda maior do que a observada em 1964, que deu início à ditadura no Brasil.
O especialista criticou o pedido de afastamento de um ministro do Supremo Tribunal Federal responsável pela relatoria de um inquérito relacionado aos eventos, argumentando que tal medida abriria precedentes perigosos para o sistema judiciário. Ele ressaltou que réus não podem escolher quem os julga, e que a independência do Judiciário é essencial para a aplicação da lei. A possibilidade de juízes serem afastados sob pressão de organizações criminosas foi apontada como uma ameaça significativa à integridade do sistema jurídico.
Por fim, foi defendido que o julgamento das ações deve ser exemplar, transmitindo uma mensagem clara contra a violência e em favor da preservação da democracia. O objetivo não seria promover vingança, mas garantir que as punições sejam justas e rigorosas, criando um legado para futuras gerações de que a sociedade brasileira rejeita ataques aos seus direitos constitucionais e à ordem democrática.