Em 2024, o Estado de São Paulo registrou 97.434 boletins de ocorrência de ameaças contra mulheres entre janeiro e novembro, um número alarmante que aponta a continuidade da violência de gênero. Esses dados demonstram que o crime de ameaça é uma forma frequente de intimidação, na qual agressores exploram vulnerabilidades da mulher para mantê-la em situação de medo. Esse tipo de violência pode envolver ameaças físicas, emocionais, financeiras ou contra familiares, o que dificulta a denúncia por parte das vítimas, que muitas vezes se sentem paralisadas e sem apoio.
A especialista em direitos das mulheres, Ianca Santos, destaca que a conscientização e a educação da população são essenciais para combater a violência contra as mulheres. Ela alerta que, além da denúncia, a sociedade precisa de ações que promovam o respeito e a igualdade de gênero, com a colaboração dos órgãos públicos, escolas e empresas. Um exemplo disso é o aumento de violência durante eventos esportivos, onde o descontentamento com resultados pode se transformar em agressões contra companheiras. Essa violência reflete a persistência de uma visão estrutural desigual sobre o papel da mulher na sociedade.
A importância da denúncia é fundamental para interromper o ciclo de violência, evitando que ameaças se transformem em crimes mais graves, como feminicídios. Em 2024, os casos de feminicídio tiveram um aumento significativo em relação ao ano anterior. Para as vítimas, é recomendado que as denúncias sejam feitas em delegacias especializadas, com a apresentação de provas e testemunhas, quando possível. A advogada também ressalta a necessidade de maior investimento nas delegacias de defesa da mulher para garantir investigações mais rápidas e eficazes, protegendo assim as vítimas de violência.