O experimento AmazonFACE, previsto para começar em maio de 2025, reunirá pesquisadores de diferentes países para estudar os efeitos do aumento da concentração de dióxido de carbono (CO₂) na floresta amazônica, com foco em como ela responderá até 2060. O projeto é uma colaboração entre instituições brasileiras, como a Unicamp e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e o governo britânico. Durante uma década, será feita a simulação de um aumento de 50% no CO₂ atmosférico, o que permitirá avaliar as reações da floresta em várias áreas, como a fotossíntese, o fluxo de carbono, a ciclagem de nutrientes e o impacto na biodiversidade.
Entre os principais focos do estudo estão a dinâmica do carbono, o comportamento de nutrientes essenciais como fósforo e nitrogênio e a circulação de água na região. O aumento de CO₂ pode influenciar a capacidade das árvores de se manterem saudáveis, mas também afetar o ciclo da água e a formação de chuvas, o que teria consequências para a Amazônia e para regiões vizinhas. Além disso, o experimento examina como diferentes espécies de plantas reagem ao gás carbônico, com a hipótese de que algumas podem se beneficiar mais do que outras, potencialmente alterando o ecossistema e até levando a um processo de savanização.
Com um investimento significativo, o programa AmazonFACE representa uma importante iniciativa para entender as implicações das mudanças climáticas na maior floresta tropical do planeta. A pesquisa também busca apoiar a formulação de políticas públicas para mitigar os impactos socioeconômicos caso a floresta atinja um ponto de inflexão, o que pode resultar em prejuízos bilionários a longo prazo. A modelagem computacional será crucial para extrapolar os resultados do experimento para outras áreas da Amazônia e para outras florestas tropicais, permitindo previsões mais precisas sobre o futuro do clima e da biodiversidade.