Na Cordilheira do Espinhaço, em Minas Gerais, agricultores desenvolvem um modo de vida único e adaptado ao ambiente local, reconhecido como patrimônio agrícola mundial pela ONU. Durante os meses de florada das sempre-vivas, centenas de famílias migram para as lapas – casas de pedra naturais – onde vivem enquanto coletam as flores, garantindo parte significativa de sua renda. Esses agricultores percorrem grandes distâncias diariamente para colher espécies como o capim dourado, que são transformadas em objetos artesanais e exportadas em grandes quantidades.
As lapas, passadas de geração em geração, são equipadas com itens essenciais para sustentar a vida nas montanhas, como fogões a lenha e jirais feitos de madeira para descanso. Além da coleta de flores, essas comunidades praticam a criação de animais e o cultivo de alimentos, adaptando-se às condições adversas da região e à dinâmica da transumância, um ciclo contínuo de migração em busca de melhores condições de subsistência.
Esse estilo de vida, marcado pela relação harmoniosa com a natureza e a preservação de tradições, sustenta economicamente as famílias locais e contribui para a manutenção do patrimônio cultural da Serra do Espinhaço. Apesar das dificuldades, como períodos de restrição ao acesso às áreas de coleta, a prática permanece como uma importante expressão da resiliência e do valor cultural da região.