Ao atingirem a metade de seus mandatos, tanto o governo federal quanto o Congresso Nacional já começam a se preparar para as eleições de 2026, com a analista política Júnia Gama apontando que ambos os poderes evitarão pautas polêmicas e irão priorizar temas que tenham maior apelo popular. A estratégia é suavizar a agenda para garantir uma navegação tranquila até o fim do mandato, minimizando o risco de confrontos difíceis com a oposição. Gama também acredita que o governo não terá força para pressionar o Congresso a aprovar questões mais controversas, como a reforma da previdência dos militares ou a limitação de supersalários.
Entre as propostas prioritárias do Ministério da Fazenda, destacam-se o fortalecimento do arcabouço fiscal, a reforma do Imposto de Renda, e a tributação sobre milionários. No entanto, especialistas alertam que o fortalecimento do arcabouço fiscal é uma ideia vaga e ainda sem detalhes claros, o que gera incertezas sobre sua implementação real. Cristiano Noronha, da consultoria Arko Advice, questiona a eficácia das revisões fiscais feitas pelo governo, que reduziram as metas fiscais, enfraquecendo, assim, a credibilidade do arcabouço fiscal. Além disso, ele pondera que, embora o presidente Lula tenha afirmado que não deseja mais ajustes fiscais, a implementação de tais medidas pode ser necessária para fortalecer a economia.
Entre os pontos que têm maior apoio popular, a isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês parece ser uma proposta com mais chances de avanço no Congresso. A medida agrada grande parte da população e não deve gerar a mesma resistência que temas mais polêmicos, como as reformas no setor público. Apesar dos desafios, o governo parece focado em conduzir a agenda econômica de maneira a não gerar grandes desgastes políticos até as próximas eleições, com a expectativa de um cenário mais favorável para propostas de menor impacto e maior aceitação popular.