Na China, um número crescente de cidadãos tem sido internado em hospitais psiquiátricos de forma involuntária após protestos ou críticas ao governo. Casos como o de Zhang Junjie, um jovem que foi hospitalizado após se manifestar contra as políticas de lockdown, revelam um padrão de abuso em que a hospitalização é usada como ferramenta para reprimir dissidentes. Segundo relatos, as pessoas internadas, muitas vezes sem consentimento, são submetidas a tratamentos como medicamentos antipsicóticos e eletroconvulsoterapia, práticas que alteram seu estado mental e são usadas para silenciar críticas ao regime.
Embora a Lei de Saúde Mental da China, de 2013, tenha como objetivo proteger os cidadãos de internamentos indevidos, permitindo que a internação seja voluntária, as autoridades têm utilizado brechas na legislação para detê-los sem o devido processo legal. Especialistas e advogados apontam que a falta de responsabilidade por parte das autoridades e a crescente repressão à sociedade civil têm levado ao aumento desses abusos. Organizações de direitos humanos alertam para a facilidade com que a polícia pode manipular o sistema de saúde mental para controlar aqueles que se opõem ao governo.
O sistema judiciário chinês, por sua vez, tem se mostrado ineficaz para proteger as vítimas desse tipo de abuso. Poucos processos contra as autoridades por internamentos ilegais têm sucesso, e o risco de retaliação contra aqueles que tentam contestar suas internações é elevado. Casos como o da vlogger Li Yixue, que foi internada após acusar um policial de agressão sexual, mostram que o controle sobre a liberdade pessoal segue sendo uma ferramenta perigosa nas mãos das autoridades chinesas.